Ribeirão Preto / SP - quinta-feira, 28 de março de 2024

HPV (condiloma anal)

Condiloma anal e genital (verrugas): diagnóstico e tratamento do HPV.


A doença mais importante provocada pelo papilomavírus humano (HPV) são as infecções genitais (verrugas), tanto no ânus como na região genital. As lesões no pênis e no ânus são mais facilmente reconhecíveis; nas mulheres, porém, elas podem ser internas, só detectáveis por exame ginecológico.

A principal via de transmissão do HPV é a sexual. Portanto, atinge homens e mulheres e pode ser transmitido de um parceiro para o outro.

O mais comum é a pessoa infectar-se e nunca desenvolver qualquer doença, pois elimina o vírus espontaneamente. Se a pessoa tiver boa resistência, terá maior facilidade de acabar com a infecção. Muitas vezes, ela elimina o vírus e fica curada sem saber que o problema ocorreu. Em situações um pouco mais sérias, especialmente nas mulheres, o HPV pode provocar uma alteração perceptível apenas no exame de Papanicolau. Alguns desses casos acabam evoluindo para tumor maligno: o câncer do colo do útero.

No ânus, em alguns casos, se não tratadas, as verrugas causadas pelo HPV podem evoluir para câncer de ânus. A maioria das pessoas quando recebem o diagnóstico de HPV, ficam assustadíssimas, imaginando que vão ter esse tipo de câncer, o que não é verdade. Se tratadas a tempo, apenas um pequeno grupo corre o risco de desenvolver o câncer.
Estima-se que 40% das mulheres sexualmente ativas estejam infectadas pelo HPV. Não quer dizer, porém, que todas vão evoluir para um quadro de câncer. A importância desse dado reside no fato de que a presença do vírus vem sendo relacionada, como fator causal, ao desenvolvimento de câncer do trato genital inferior (colo uterino, vagina, vulva e ânus).

O sexo oral pode transmitir o HPV uma vez que as mucosas são muito suscetíveis à contaminação. Alguns contaminam com facilidade a pele, as mãos, os pés. Por isto a importancia do exame das mãos, boca e região genital.
Existem vários tipos de HPV e cada um deles têm preferência por um tipo de tecido. Alguns têm preferência pela pele acometendo mãos, pés, joelho e cotovelo; outros a região genital, comprometendo a vagina, pênis e ânus. Alguns tipos de HPV não provocam verrugas e podem passar despercebidos no exame a olho nu. Quando existe uma verruga nos genitais, o diagnóstico fica fácil, mas nem sempre essa lesão é visível. Nesse caso, como saber se uma mulher com vida sexual ativa está infectada pelo HPV, uma vez que 40% delas podem estar contaminadas? Os exames mais simples e fáceis de realizar e que dão bons resultados são o Papanicolau e a colposcopia.
Muitas vezes, a verruga pode ser muito pequena ou estar localizada internamente e ser inacessível aos olhos da paciente. Por isso, esses exames de prevenção devem ser realizados rotineiramente. Na colposcopia, o médico observa através de lentes de aumento. A mulher deve fazer os exames de prevenção, no consultório ou posto de saúde a partir do momento em que inicia a vida sexual. Se o médico notar que as células estão alteradas sugerindo infecção por HPV, ela será encaminhada para a colposcopia (lente de aumento).

Caso exista alguma alteração, o passo seguinte é realizar uma biópsia e encaminhar para exame, o que possibilita verificar a presença de alterações sugestivas de pré-câncer ou câncer ou se elas resultam da cicatrização normal provocada por um processo infeccioso já debelado. O mesmo vale para mulheres que praticam sexo anal e homens homossexuais. Em ambas situações, o paciente deve procurar ajuda médica quando houver caroços ou verrugas no ânus.

Se por algum motivo estiver com resistência baixa (Aids, diabetes, fumante, quimioterapia, etc) apresentará condições mais favoráveis à evolução do HPV.

Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a possibilidade de cura e tratamento conservador. Uma lesão inicial tem mais chance de ser tratada com sucesso. O objetivo do tratamento da infecção pelo HPV é a retirada da lesão que ele causa. Lesões restritas, pequenas e superficiais podem ser tratadas com aplicação de agente químico ou cauterização clássica. Lesões maiores exigem cirurgia. Como não existem agentes antivirais específicos para combater o HPV, é preciso estimular o sistema imune da pessoa para que ela mesma combata a infecção. Por isso, se recomenda que pare de fumar, faça exercícios físicos e tenha boa alimentação.

A infecção no homem é mais visível até por conta do aspecto anatômico dos órgãos sexuais masculinos. Apesar de pouco freqüente, a evolução pode caminhar para um câncer invasivo. O que se tem constatado é que, talvez por fricção ou por estarem mais expostas, as verrugas masculinas são eliminadas em proporção maior do que as femininas. Desse modo, teoricamente, todos deveriam usar preservativo sempre para inibir a transmissão do HPV.

Se as pessoas apresentam verrugas e eventualmente estão sendo tratadas, pelo menos nesse período devem usar camisinha. Quando a infecção não tem importância clínica e só é detectada em exames muito especializados, o preservativo deixa de ser obrigatório.

Como é uma situação complicada, acaba-se estimulando o uso do preservativo sempre como medida de saúde e higiene até porque não é só o HPV que pode ser transmitido no contato íntimo. Além disso, no mundo de hoje, a vida sexual mais livre e a variação de parceiros implicam eventuais outros riscos e exigem maiores cuidados preventivos.

Atualmente temos a vacina contra o HPV - que deve ser utilizada de preferência antes do início da vida sexual (indicada em adolecentes mulheres dos 10 aos 14 anos). Entretanto tem se observado nos últimos anos que mesmo em pacientes que já apresentam lesões verrucosas, existe benefício da vacinação contra o HPV, com relatos de menor recidiva das lesões e até mesmo desaparecimento de lesões pequenas.

O seguimento clínico deve ser feito com exame físico e colposcopias periódicos (a depender de cada caso individualmente). Homens homossexuais passivos mesmo que assintomáticos e mulheres praticam sexo anal sem preservativo devem consultar periodicamente com o proctologista para exame físico (anuscopia e colposcopia)

Abaixo mostraremos alguns casos de lesões condilomatosas, secundárias ao HPV.

Homossexual masculino com HPV perianal

Homossexual masculino com HPV perianal

Homem, homossexual, com HIV e lesões extensas no ânus - HPV

Mulher (abaixo) com lesões na região genital (vulva e ânus)

Mulher (mesma da foto acima) com lesões no ânus